sexta-feira, 22 de maio de 2009

EXISTEM VARIOS TIPOS DE PIMENTAS

VEJA A BAIXO




PIMENTAS


Lágrimas, suor e o desejo por um copo d'água o mais gelado possível. O aparente sofrimento, na verdade, é o que dá prazer e graça ao sublime momento em que se come um prato preparado com pimentas. Mas é só para incrementar o tempero que ela serve? “A pimenta tem outras características muito importantes e desconhecidas da maioria das pessoas”, afirma Alexandre Merheb, médico nutrólogo especializado em esportes. Ela é antioxidante, bactericida, pode proteger o sistema digestivo, combater tensões musculares e ajudar o tratamento de reumatismos articulares. Ou seja, um ótimo alimento para o cardápio do esportista.

Antioxidante
O organismo produz radicais livres - substâncias tóxicas formadas a partir do oxigênio, que reagem aleatoriamente com todos os componentes celulares. Nessa reação, destroem células estranhas, o que é importante para proteger o corpo. Mas, quando estão em excesso, atacam também as células sadias. O exercício físico muito intenso provoca uma produção maior de radicais livres. Nesse caso, os antioxidantes - como as vitaminas A e E, o betacaroteno e os flavonóides - são fundamentais para neutralizar os radicais livres antes que eles matem células sadias. Aí entram as pimentas como a dedo-de-moça, que fornece vitaminas A, E e betacarotenos. “A pimenta é um alimento funcional, portanto seus benefícios devem ser encarados em longo prazo. O ideal é utilizá-la no dia-a-dia”, explica Marília Fernandes, nutricionista da Total Salute Nutrição & Estilo de Vida, especialista em Nutrição Esportiva pela Unifesp.

Bactericida
Quando o sistema de refrigeração não existia, o ser humano conservava os alimentos de diversas maneiras e uma delas era colocando pimentas nas carnes, por exemplo. “Elas possuem propriedades bactericidas, ou seja, eliminam vários tipos de bactérias que estragariam o alimento”, afirma Susana Gasparri, farmacêutica especializada em fitoterapia do Laboratório Bionatus. Depois que congeladores e geladeiras foram inventados, esse uso das pimentas foi deixado de lado, mas elas cumprem exatamente o mesmo papel no auxílio do sistema imunológico do ser humano. “A pimenta fortalece o organismo porque elimina bactérias que poderiam trazer malefícios principalmente ao sistema digestivo”, diz a farmacêutica.

Estômago e intestino
Esse é um tema delicado quando se trata de pimentas. Por um lado, ela representa um perigo para quem tem gastrite ou hemorróidas e, dependendo da freqüência e quantidade em que é ingerida, pode provocar uma úlcera gástrica. “Ela aumenta a secreção de saliva, bile e dos ácidos estomacais”, afirma o nutrólogo Alexandre Merheb. Por isso, pode ser uma agressão ao estômago ou ao intestino sensível. Por outro lado, essa quantidade extra de secreção ajuda a digestão em pessoas sem problemas estomacais. Claro que o exagero pode ser prejudicial para os dois casos.
Por precaução, pessoas que não estão acostumadas com alimentos picantes não devem consumi-los na véspera de uma prova. “Caso algum corredor introduza a pimenta pela primeira vez em seu cardápio pré-prova, ele pode sofrer algum problema gástrico durante a corrida”, alerta Marília Fernandes. “A alimentação pré-treino e pré-corrida deve permanecer à base de carboidratos”, completa.
A pimenta não desidrata o corpo, como pode parecer, mas também não é uma fonte de energia para a corrida. Por isso, o consumo antes da prova nem ajuda nem atrapalha sua performance. Só atrapalha, claro, caso provoque um mal estar no estômago.

Medicamento natural
As propriedades medicinais de algumas substâncias da pimenta já foram comprovadas, o que lhe deu também a classificação de alimento funcional. Inclusive, serve de matéria-prima para remédios e emplastros - aqueles adesivos que aliviam dores musculares ou de reumatismo. “Os remédios são usados no tratamento de desordens gastrointestinais, enjôos e na prevenção de arteriosclerose, derrame e doenças cardíacas”, afirma Susana. Ela alerta, porém, para o perigo de se automedicar: Í “altas doses da droga ou do fruto, se administradas por longos períodos, podem causar gastrite crônica, danos renais, danos hepáticos e efeitos neurotóxicos”.

:: Curiosidades

:: Pimenta do reino faz mal à saúde? - “Não se recomenda a ingestão por quem tem próstata grande, porque ela pode agravar o processo inflamatório”, avisa Merheb.

:: Menos picante - as principais responsáveis pela ardência da pimenta são as sementes e a placenta, no interior do fruto. Caso queira moderar a picância da refeição, utilize somente a casca.

:: Água, Água! Quando comemos um prato muito ardido, a primeira coisa que vem à mente é tomar um copo d'água. É errado. Pode não parecer, mas a água acentua a sensação de dor. O melhor são os derivados do leite, porque possuem caseína, uma substância que retira a capsaicina dos receptores nervosos localizados na boca. Por isso, alguns pratos da culinária indiana são acompanhados de molho de iogurte.

:: Altas temperaturas - não há explicação científica de por que se consome muita pimenta em países quentes como Tailândia, Índia e México. “Pode ser uma questão histórica, já que a pimenta teve origem onde hoje é o México e se espalhou com as Navegações”, explica Hilário. “Não há nada de ruim em consumi-la no verão”, completa Merheb.


:: Tipos de pimentas

Os primeiros registros da presença de pimentas são de 9.000aC, no México. Com o descobrimento das Américas, o fruto foi difundido por todo o mundo. Na Europa, havia apenas uma categoria, a piper, que é pouco picante. “No Brasil, as mais consumidas são a malagueta, dedo-de-moça ou caiena e cumari”, afirma Hilário Filho, um “Chile Head” ou conhecedor de pimentas. As três são do tipo capsicum. Para elas, vale o alerta: “quanto mais vermelha, mais madura e, portanto, mais ardida”, diz Hilário. Conheça as mais comuns:

PIPER
Pimentas pretas
São pequenas bolinhas coloridas originárias do continente africano. “Elas geralmente são moídas e consumidas em pó”, afirma o Chile Head.

CAPSICUM


Pimenta Jalapeño Originária do México, é consumida in natura ou em pó e molhos. É bem aromática e tem picância média: 30.000 SHU - Unidades Scoville, escala de picância (ou pungência).

Pimenta AmericanaMenos picante e menos aromática, chega a ser considerada doce. É usada como substitutivo do pimentão.

Pimenta Dedo-de-MoçaTem pungência (picância) e aroma suaves. É consumida fresca, em molhos, conservas ou desidratada (pimenta calabresa).

CambuciDe pungência doce e aroma suave, usada em saladas ou cozidos.

Pimenta de CheiroCultivadas principalmente em Goiás e na região Norte, sua pungência varia de suave a bem picante. Uma das principais características é o aroma marcante. Usada em saladas, como condimento para carnes e peixes.

Pimenta BodeBem picante e aromática, usada para preparar carnes, arroz e feijão. As mais maduras (vermelhas ou amarelas) costumam ser mantidas em conservas.

Pimenta Cumari-do-ParáTambém é picante e aromática, usada principalmente em conservas.

Pimenta MurupiTem picância de média a alta e aroma forte. Usada na forma de molho ou conserva, mais comum na região Norte do País.

Pimenta MalaguetaOriginária da Bacia Amazônica, é cultivada principalmente em Minas, Bahia e Goiás. É uma das mais conhecidas e consumidas no Brasil, em pratos de peixes, acarajés, carnes ou como molho e conserva. Tem picância média a alta e pouco aroma.

Red Savina - a mais ardidaA pimenta mais ardida do mundo é a Red Savina Habanero, com 570.000 SHU

Pimenta CumariMuito picante e com pouco aroma, é usada principalmente em conservas

PIMENTAS FAZ BEM A SAÚDE

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Pimenta - medicinais
Pimenta emagrece e reduz o colesterol
Fruto reúne uma série de medicamentos naturais: analgésico, antiinflamatório, xarope e vitaminas.

(Trecho do globo Repórter exibido em 27.02.09; reportagem de Luciana Kraemer) :

Turuçu é a capital brasileira da pimenta vermelha. Na cidade do sul gaúcho, ela é plantada há mais de cem anos. E o orgulho com o produto da terra está em toda parte: na rua principal e nas lavouras cultivadas por descendentes de imigrantes alemães. Do trabalho de pequenos agricultores brota um poderoso remédio natural.

“Dizem que é bom para a saúde. Graças a Deus, até hoje nunca tive problema nenhum”, assegura o agricultor Leomar Nörnberg. Na casa dele, é acompanhamento para todos os pratos. Para usar como tempero, a agricultora Leni Nörnberg dá a receita: “Coloco vinagre, depois dou uma sacudidinha e deixo curtindo durante um dia ou dois. É bem fácil. Dá para botar em qualquer comida”.

De acordo com especialistas em saúde, o hábito da família de seu Leomar deveria ser repetido em todas as mesas. Os benefícios da pimenta são conhecidos há muito tempo. Nas Américas, o fruto já era usado até para aliviar dor de dente e de estômago. Isso há pelo menos dois mil anos. Quem coloca a pimenta no dia-dia está levando, além de tempero, uma série de medicamentos naturais: analgésico, antiinflamatório, xarope, vitaminas – benefícios que os povos primitivos descobriram há milhares de anos que agora estão sendo comprovados pela ciência.
Uma pesquisa recém-concluída na Faculdade de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) comprovou que a pimenta diminui mesmo o risco de doenças cardiovasculares, maior causa de mortes no Brasil. Por duas semanas, um grupo de ratinhos recebeu, todos os dias, uma pequena dose de extrato de pimenta-dedo-de-moça, a mais consumida no país. No fim do período, sangue foi coletado e comparado com o de ratinhos que não receberam a pimenta. O resultado impressionou os pesquisadores. “Nós tivemos uma redução bastante significativa, em torno de 45%, do colesterol total desses animais. Uma redução do colesterol total, tanto em humanos quanto em cobaias, mostra que há um risco menor do desenvolvimento de doença arterial coronariana ou aterosclerose”, diz a nutricionista da PUC-RS Márcia Keller Alves. Em outras palavras: menor risco de enfartes. O que reduziu quase pela metade a gordura do sangue nos ratinhos foi a capsaicina, o princípio ativo da pimenta, que dá a ela o gosto ardido. “É esse princípio ativo que faz com que a pimenta seja benéfica à saúde. Então, quanto mais picante mais capsiacina. E quanto mais capsiacina mais benefícios com o consumo da pimenta”, esclarece Márcia Keller Alves.

Capsaicina
A capsaicina atua em várias áreas do corpo: alivia dores de cabeça, controla os níveis de glicose no sangue, aumenta a capacidade pulmonar e ajuda no tratamento da rinite alérgica. É até um aliado para quem quer entrar em forma. “É uma substância estimulante do metabolismo. A pessoa passa a gastar mais calor através do que come. Então, isso ajuda na obesidade. Ela só vai se beneficiar com um ingrediente natural”, afirma o nutrólogo Carlos Alberto Werutsky. Ainda falta determinar quanto é necessário consumir para que a pimenta traga todos esses benefícios. O que se sabe é que o brasileiro come muito pouco. Na Tailândia, por exemplo, ela é a estrela das receitas simples e sofisticadas. Lá, o consumo chega a dez gramas por dia. No Brasil, não passa de meio grama por pessoa. Para que a pimenta saia do papel de coadjuvante e se torne o ingrediente principal, é preciso pegar o fruto e inventar.

Criar receitas que agradem não só a quem procura a ardência, mas também – por que não? – a doçura da pimenta. Produtos que saem de agroindústrias familiares, com a da produtora rural Verônica Tuchtenhagen e do aposentado Otávio Tuchtenhagen. Antigamente, a família vendia a pimenta seca e moída. Quanto trabalho, lembra o pai, que tem 82 anos. “Eu lembro que plantei pimenta com 12 anos de idade. Às 5h, tinha que ir lá e cortar”, conta seu Otávio. “Hoje transformamos a pimenta ‘in natura’ em vários pratos: em conservas, molhos, azeites, geléias, bombons, trufas, chocolate. Um mundo com pimenta”, descreve dona Verônica. A receita que mais vende é a da geléia, criada com o auxílio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para conquistar o paladar até de quem não gosta do sabor ardido da pimenta. É feita com o fruto “in natura”, bem do jeito que os médicos recomendam. A pimenta vai ao fogo misturada com açúcar, água, ácido cítrico e pectina, uma mistura que, no início, nem dona Verônica acreditava que daria certo. “Não vou mentir, tínhamos uma pequena dúvida. Me surpreendeu muito porque enquanto eu vendo cem vidros de geléia com pimenta transformada, vendo dez de morango sem pimenta. A pimenta fez um sucesso”, comemora dona Verônica.
Para ver se os novos produtos de pimenta têm chance de cair mesmo no gosto popular, a equipe do Globo Repórter levou o doce de leite com pimenta e a pimenta em calda para fazer um teste com os consumidores. “É meio forte, mas é gostoso. Senti a pimenta”, conta a estudante Sylvia Waldman. “Eu não senti muito. É natural, um docinho gostoso. Mas bem no finzinho sentimos um pouquinho”, diz a dona de casa Áurea do Prado. “Ela acentua o paladar, mas é saborosa”, avalia o aposentado José Castro. “Me surpreendi, porque pimenta geralmente é forte. E essa bem gostosa”, elogia a professora Priscila da Silva.